Sobre a dúvida 
J. Krishnamurti

Se convidarem a dúvida a entrar em seu coração e em sua mente e se acompanharem essa dúvida por todos os seus avenidas e sombras da mente e do coração, e incansavelmente escutarem e examinarem todas as coisas, então, o que permanecer será de seu próprio conhecimento, e, portanto, o absoluto, o eterno.

Existe contradição de idéias, de teorias, há confusão criada pelas constantes afirmações dos dirigentes, a respeito do que é e do que não é.

Empilha-se teoria sobre teoria, incerteza sobre incerteza, afirmação sobre afirmação.

O resultado de tudo isto é que o indivíduo fica integralmente incerto; ou então, o indivíduo fica tão cercado, tão limitado por conceitos e formas de crenças particulares, que recusa ponderar sobre o que realmente é verdadeiro.

Ou ficam incertos, confusos, ou ficam certos em sua crença, em sua forma particular de pensamento.

Para o homem que está verdadeiramente incerto, há esperança; para o homem, porém, que está incrustado na crença, naquilo que ele chama intuição, há muito pouca esperança, pois fechou a porta à incerteza, à dúvida, e acha repouso e consolação na segurança.

Esse estado vital de incerteza, isento do desejo de a ele escapar, é o início de toda a verdadeira busca da realidade.

(Ojai, E.U.A., 1936; Omen, Holanda, 1937/38).

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